Enquanto milhares de foliões se divertem nos circuitos do Carnaval baiano, outro movimento acontece nos bastidores da festa: centenas de catadores percorrem as ruas coletando latinhas, copos e outros materiais recicláveis. No centro dessa operação está o EcoFolia Solidária – O Trabalho Decente Preserva o Meio Ambiente, uma iniciativa do Governo do Estado, que visa fortalecer empreendimentos da cadeia produtiva da reciclagem de resíduos sólidos, proporcionando melhores condições de trabalho e renda para os catadores. Este ano, além dos 11 ecopontos localizados no circuito da capital baiana, outros dois serão instalados em Itabuna e Barreiras.

Com essa ampliação, o projeto beneficiará cerca de 3.300 catadores, superando os 2.200 participantes de 2024. Além disso, o investimento sai de 2,2 milhões para R$ 3,5 milhões, financiando os 10 projetos de cooperativas de catadores recepcionados pela Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).

Durante o anúncio das ações para o Carnaval 2025, o governador do estado, Jerônimo Rodrigues, destacou a grandiosidade da festa e o impacto que ela tem em todo o estado, ressaltando a importância do Carnaval para os municípios baianos e as medidas voltadas à proteção social e ambiental.

“O Carnaval da Bahia não se resume a Salvador. Neste ano, cerca de 120 a 130 municípios realizarão festas ou eventos relacionados ao Carnaval, e o governo do estado está garantindo a proteção e o suporte às diversas categorias envolvidas no Carnaval. Teremos ações voltadas para cordeiros, ambulantes e catadores, com um olhar especial para a inclusão social e ambiental, porque embora seja uma pauta forte da economia daquelas pessoas que fazem o trabalho, nós também temos uma preocupação ambiental, que é a quantidade de resíduo que é retirado do meio ambiente. Então nós também estaremos acompanhando através da Setre o trabalho desses catadores e catadoras das cooperativas”, disse Jerônimo.

A ação deste ano contará com um apoio ainda mais estruturado da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). Segundo o titular da pasta ambiental, Eduardo Mendonça Sodré Martins, o aporte financeiro para essa edição será de R$ 300 mil.

“Estamos muito felizes com essa edição porque, além dos 11 ecopontos instalados nos circuitos Mestre Bimba [Nordeste de Amaralina], Osmar [Campo Grande] e Dodô [Barra-Ondina], em Salvador, expandiremos nossa atuação para Barreiras e Itabuna, oportunizando aos recicladores do Oeste e Sul baiano condições dignas de trabalho, onde eles também poderão transformar resíduos do maior evento popular do estado em renda. Para viabilizar essas ações, a Sema e o Inema destinarão R$ 300 mil ao projeto”, celebrou o secretário do Meio Ambiente.

Além do suporte financeiro, a diretora-geral do Inema, Maria Amélia Lins, afirma os órgãos ambientais disponibilizarão mais de 60 servidores para atuar na fiscalização das Centrais de Apoio ao Catador e no atendimento de denúncias. “Estamos mobilizados para garantir o funcionamento dos ecopontos, assim como para prestar auxílio aos catadores”, declarou.

Os servidores atuarão no apoio e na fiscalização das 13 Centrais de Apoio ao Catador estruturadas para a ação, enquanto que elas serão geridas pelas cooperativas e associações envolvidas no EcoFolia Solidária, garantindo que os trabalhadores recebam um preço justo pelos materiais coletados, sem a necessidade de intermediários.

Cada Central contará com computadores, balanças e prensas, proporcionando um ambiente adequado para o recebimento e a comercialização dos recicláveis. Além disso, os catadores terão acesso a equipamentos de proteção individual (EPIs), como botas, luvas e protetores auriculares, garantindo mais segurança no trabalho. O kit inclui ainda água, refeições e bolsas diárias para apoiar suas atividades durante a festa.

Sobre o projeto

O EcoFolia Solidária se destaca por valorizar o trabalho dos catadores por meio do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), reconhecendo o impacto positivo da reciclagem para a cidade e o meio ambiente. Além da Setre, Sema e Inema, o projeto conta ainda com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) – por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) –, Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades) e Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), além das Voluntárias Sociais, representada pela Professora Tatiana Veloso.

Fonte: Ascom/Sema / Foto: Thiago Jr- Ascom/ Sema

Toneladas de materiais recicláveis que acabariam no lixo comum, em bueiros ou centenas de anos na natureza, estão na Central de Catadores de Materiais Recicláveis, no Politeama, em Salvador, que está recolhendo resíduos como plástico e alumínio dos circuitos do Carnaval para dar a destinação correta. O governador Jerônimo Rodrigues esteve na unidade de separação, ao lado do vice-governador e coordenador do Carnaval, Geraldo Júnior, neste domingo (11), para ver, de perto, o trabalho realizado pelos catadores durante a folia. 

A Central do Politeama não é a única a receber os resíduos sólidos. Ao todo, são 11 centrais de apoio, em pontos estratégicos do circuito do Campo Grande, Barra-Ondina e Nordeste de Amaralina. Os trabalhadores têm o suporte de computadores, balanças e prensas e contam com a gestão das Redes de Cooperativas de Catadores para a entrega e comercialização do material. 

“Cada passo que a gente dá, a gente vai percebendo a grandeza, a organização, o fortalecimento e a inteligência desse movimento. Vem, a cada dia mais, ocupando um espaço na mídia, nos governos. O Governo Federal, com Lula, o Governo do Estado conosco, mas, também, nos municípios. É fundamental que essa parceria dos três entes federativos possa reconhecer esse movimento, com a sua credibilidade. Porque, aqui, além da preocupação que os movimentos de catadoras e catadores têm em todo o país, geração de renda, de inclusão, acaba, também, contribuindo conosco, com a questão de articulação das políticas públicas. É claro que retirar mais de 100 toneladas de material reciclável das ruas é fundamental para a gente. É um trabalho que muita gente, às vezes, não percebe. O trabalho ainda parece invisível, mas, para nós, não é. Esse material deixa de ir para os rios, para as nascentes, para os lixões, para as praias, para virar renda e para virar um novo produto”, avaliou o governador.

Na Central do Politeama, já foram arrecadados, desde o início do Carnaval, cinco toneladas de alumínio e mais de uma tonelada de plásticos. De acordo com Michele Almeida, vice-presidente da Cooperativa de Coleta Seletiva Processamento de Plástico e Proteção Ambiental (Camapet), a gestão contribui para que sejam pagos valores justos aos catadores, evita atravessadores, que costumam pagar menos pelo trabalho, e garante a segurança das pessoas que fazem a coleta de resíduos nos circuitos.

“A galera vem aqui, traz seu alumínio e recebe por isso, no ato. E uma outra situação que a gente traz é a questão dos plásticos, que nem todos os catadores querem catar porque o valor é muito baixo. A gente conseguiu colocar um valor maior e, ainda, bonificar o catador”, contou Michele, que acrescentou: “nossa meta geral é 100 toneladas de reciclados. Só aqui, na central do Politeama, a gente já tirou mais de cinco toneladas de alumínio, desviando do aterro sanitário. E mais de uma tonelada de plástico que, também, iria para o aterro sanitário”.

O trabalho de coleta seletiva faz parte do projeto EcoFolia Solidária – O trabalho decente preserva o meio ambiente, coordenado pela Secretaria estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) em parceria com outras secretarias de Estado, e teve investimento de, aproximadamente, R$ 3,2 milhões de reais para o Carnaval de 2024.  Cerca de 2.500 catadores de materiais recicláveis de 16 cooperativas serão beneficiados. Estão, entre elas, a Coopeguary, a Cata Bahia, a Recicla Bahia, a Recicla Conquista e a CRG.

Cuidar de Quem Cuida

Para as mulheres catadoras de materiais recicláveis, o projeto reservou um espaço exclusivo, com café da manhã, local para banho, massagem terapêutica e acupuntura. O local, sob gestão da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), vai funcionar até a Quarta-Feira de Cinzas (14), das 5h às 11h, no Vale do Canela. 

Além da Setre e da SPM, compõem o projeto a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), por meio do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Secretaria do Desenvolvimento Rural (SDR), por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), e a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (Seades).

Fonte: Secom/BA / Foto: Joá Souza/GOVBA